Terapia do Esquema

O que é a Terapia do Esquema?

A terapia do esquema é uma proposta terapêutica desenvolvida por Jeffrey Young, com base na Terapia Cognitivo Comportamental, a teoria do apego de John Bowlby, incluindo técnicas da Gestalt e construtivismo. A terapia do esquema ampliou a terapia cognitivo comportamental, por buscar compreender as questões caracterológicas do transtorno, não focando apenas nos sintomas.

A terapia do esquema tem foco no tratamento de padrões criados e perpetuados ao longo da vida do indivíduo, que são denominados Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs).

O esquema é uma espécie de proteção, de mecanismo de defesa do indivíduo. Resulta da necessidade de coerência que os indivíduos têm. Por mais que causem sofrimento, eles parecem proteger ou evitar algo que se teme.  São ativados inconscientemente por eventos que se assemelhem às experiências traumáticas. Nascem na infância ou adolescência como representações que o indivíduo tinha nesta idade de si, dos outros e do mundo.

Os esquemas têm sua origem e são formados quando certas necessidades emocionais não são atendidas. As cinco necessidades emocionais fundamentais para os seres humanos são:

1-) vínculos seguros com os outros / 2-) autonomia, competência e senso de identidade / 3-) liberdade de expressão / 4-) espontaneidade e diversão / 5-) limites realistas e autocontrole

Existem quatro tipo de experiências remotas que estimulam a originação de esquemas:

1-) frustração de necessidades / 2-) traumatização ou vitimização / 3-) prejuízo do senso de autonomia e limites realistas/ 4-) internalização ou identificação com pessoas importantes

São 18 esquemas ao todo, divididos em cinco domínios que serão tratados a seguir:

Domínio I: Desconexão e rejeição:

Neste domínio se encontram pacientes incapazes de formar vínculos significativos com os outros por acreditarem que suas necessidades tais como a escuta, proteção, reciprocidade, afeto e acolhimento não serão atendidas.

Este domínio abrange os esquemas do Abandono, Desconfiança/Abuso, Privação Emocional, Defectividade/vergonha, e Isolamento social/alienação.

Domínio II: Autonomia e desempenho prejudicados

Pacientes com os esquemas deste domínio sofreram excesso ou ausência de cuidados, de modo que se sentem incapazes de agir de forma autônoma. Costumam subestimar sua capacidade de agir de forma independente e tendem a agir de forma infantil, dependendo muito do aval dos outros para suas ações.

Este domínio abrange os esquemas de Dependência/Incompetência, Vulnerabilidade à danos e doenças, Emaranhamento/ Self subdesenvolvido e Fracasso.

Domínio III: Limites prejudicados

Pacientes deste domínio carecem da dificuldade de exercer domínio de si e autodisciplina e, mesmo até, de respeitar os limites dos outros. Têm dificuldade realizar tarefas, compromissos e planos de longo prazo.

Este domínio abrange os esquemas de Arrogo/grandiosidade e Autocontrole/disciplina insuficientes.

Domínio IV: Direcionamento para o outro

Pacientes deste domínio se direcionam para o atendimento das necessidades dos outros, e olham pouco para si. Temem reprovação ou rejeição dos outros, ou mesmo afastamento, de tal forma que se colocam em segundo plano nas relações interpessoais. Na interação social visam agradar ou mesmo obedecer ao outro, suprimindo raiva e espontaneidade.

Este domínio abrange os esquemas da Subjugação, Auto-sacrifício e Busca de aprovação/reconhecimento.

Domínio V: Supervigilância e inibição

Pacientes deste domínio tendem a suprimir sentimentos e espontaneidade, com fins de cumprir regras internalizadas de desempenho ou conduta, às custas da felicidade, relaxamento, relacionamentos e saúde.

Este domínio abrange os esquemas de Padrões Inflexíveis, Inibição emocional, Postura punitiva e Negativismo/pessimismo.

Exemplos de esquemas:

Ex 1: Auto sacrifício: o paciente que tem o esquema de autosacrifício costuma a atender as solicitações dos outros, pois sente-se culpado ou egoísta quando não o faz. Coloca-se em segundo plano nas relações interpessoais, doando-se ou atendendo as solicitações alheias, muitas vezes sendo prejudicado.

Ex: 2: Padrões inflexíveis: o paciente que tem o esquema de padrões inflexíveis foca muito no desempenho, não para provar algo a alguém, mas sim porque sente que deve a si mesmo. Busca muita produtividade, trabalha ou faz muitas coisas por temer perder tempo ou mesmo sentir angústia. Tem dificuldade de relaxar e sentir prazer.

Ex. 3: Abandono: o paciente que tem o esquema do abandono teme ser trocado ou deixado pelo outro, fazendo muitas coisas para manter a pessoa por perto, ficando hiper vigilante a possíveis sinais de abandono, muitas vezes sufocando a pessoa amada.

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